Estimativa dos biólogos é que 60 mil animais cheguem ao litoral sul do Brasil neste início de ano, 25 mil só em SP.
Focas no litoral da Califórnia
ILHABELA – Biólogos do Brasil, Argentina e Uruguai informaram nesta segunda-feira que o movimento migratório das focas – que geralmente vivem nas regiões mais geladas da Argentina – deve aumentar muito neste início de ano. O motivo é a mutação de seu habitat natural devido ao aquecimento global. O transtorno pode ser igual ao de acontecido na Califórnia, Estados Unidos.
“Notamos um aumento de temperatura considerável no sul da Argentina, o que faz com que esses animais busquem outros lugares com a temperatura mais amena. Só que, ao seguir a corrente das Malvinas, acabam desembarcando no litoral sul do Brasil, onde a água é gelada, mas o clima não” – disse Humberlito Borges, biólogo da USP.
A corrente das Malvinas banha, além do litoral argentino, todo o litoral sul do Brasil, chegando até o Espírito Santo. De acordo com Borges, estes animais, cansados da longa viagem, acabam buscando locais para descansar. Atraídos pelas águas geladas, a estimativa é que cerca de 25 mil acabem chegando ao litoral sul de SP e outros 20 mil às praias de Cabo Frio e Arraial do Cabo, ambas no RJ, tumultuando ainda mais as praias já tão lotadas no verão.
“É preocupante, as pessoas não sabem lidar com estes animais e certamente eles vão virar atrações no litoral. Acontece que, quando estão em bando, se tornam bastante agressivos. Estamos estudando medidas para minimizar este impacto, talvez até isolando algumas áreas somente para as focas. Vamos pagar o preço por tantos maus-tratos ao nosso planeta.” – completou Borges.