Domingo (01/06/14) decidi pintar a frente de minha casa com uma frase clichê sobre a Copa. Aproveitei a oportunidade para fazer uma trollagem marota e provocar portadores de preconceitos linguísticos. Fui surpreendido com a repercussão nacional da postagem nas redes sociais e programas esportivos. O comentário mais repetido nas postagens que compartilharam a imagem foi: Isso que dá fazer estádio e não fazer escolas.
Este é um comentário tão reducionista que choca mais que qualquer erro ortográfico. As dificuldades ortográficas dos brasileiros residem em tantos aspectos históricos e pedagógicos que dezenas de teses de doutoramento não esgotariam o tema. Penso que um dos principais fatores é o nosso déficit de leitura. Lemos pouco e lemos mal.
Leitura nas escolas muitas vezes é dada como castigo. Já vi escolas encaminhando para a biblioteca os alunos que “não se comportaram” e para a quadra de esportes os de “bom comportamento”. Como se leitura fosse um castigo. Quase sempre a literatura é imposta. Machado de Assis que é um dos maiores autores da língua portuguesa é odiado por estudantes brasileiros que só o conheceram para fazer prova.
Nossa arrogante cultura de autossuficiência nos levou a chamar o dicionário de ”Pai dos Burros”, quando na verdade ele é um poderoso aliado de quem deseja melhorar a ortografia e ampliar o vocabulário.
Existe uma tendência histórica de humilhar grupos de menor prestígio social. Quando surge a oportunidade os ataques acontecem sob a forma do preconceito linguístico, que é o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro.
Neste vídeo gostei da ponderação do José Simão e do Ricardo Boechat que ao invés de desqualificarem o autor da suposta pintura, optaram por ironizar a herança grega da língua portuguesa. Foi uma verdadeira lição do Café com Jornal.
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